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Publicada por Alegre Cavaqueira em sábado, 30 de janeiro de 2010
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Por Nuno Saraiva
Diário de Notícias de 30-01-2010


Manuel Alegre é o único pré-candidato assumido às eleições presidenciais de Janeiro de 2011. Mas, desde a disponibilidade publicitada em Portimão, o aspirante a inquilino do Palácio de Belém fez voto de silêncio sobre tudo o que seja incómodo para o Partido Socialista. É compreensível! Afinal, Alegre precisa, desta vez, do apoio do seu partido à ode que começou a escrever na noite em que, há quatro anos, foi derrotado por Cavaco Silva.

Mas onde andará o inconformado poeta que ninguém calava? Que é feito do deputado (que já não é) insubmisso, e que tantos engulhos causou ao PS, por se recusar a acatar a disciplina partidária? Onde esteve afinal Manuel Alegre na semana em que o Governo do seu partido apresentou o Orçamento do Estado, que contará com a condescendência do "bloco conservador", que tem a "grande tentação" de se "reagrupar" à volta do actual Presidente da República?

Uma vez viabilizado na Assembleia da República o Orçamento do Estado, com o "apoio" implícito do centro-direita - por mais caminhos alternativos que tivesse -, torna-se evidente que PSD e CDS terão menos margem de manobra para fazer oposição. A luta contra o Governo, até por via dos inúmeros constrangimentos orçamentais, irá pois transferir- -se, de novo, para fora de São Bento. Aí, espera-se, já os socialistas terão desfeito o seu tabu presidencial. Ou apoiam Manuel Alegre ou não apoiam.

Então, os funcionários públicos, castigados e sem aumentos, não hesitarão em sair à rua juntando-se aos enfermeiros e aos professores, aos polícias e aos militares, aos juízes e aos magistrados. Todos, enfim, vítimas da "obsessão" com o défice público.

Ao seu lado estarão os partidos de esquerda, designadamente o Bloco, com a autoridade de quem votará contra o Orçamento. O mesmo Bloco, aliás, até agora, único partido a apoiar a pré-candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República.

E nessa altura, ao lado de quem estará Manuel Alegre? Na rua, ao lado da esquerda com quem flirtou nos últimos quatro anos, por exemplo nas poltronas do Teatro da Trindade ou da Aula Magna em Lisboa? Ou algures numa aldeia esconsa a jantar com um punhado dos seus apoiantes e poupando o PS, correndo o risco de alienar boa parte do seu capital político?

Do "yes we can" ao "I don't give up"

A diferença entre o actual Presidente americano e George W. Bush ficou bem vincada no primeiro discurso do estado da União de Barack Obama. Ao contrário da linguagem belicista do seu antecessor, Obama apostou na economia e no combate ao desemprego, que afecta "um em cada dez americanos". Perante uma América que, após um ano de mandato, começava a descrer no seu Presidente, Obama conseguiu, pelo menos durante os 70 minutos que durou a sua intervenção, cativar 30 milhões de americanos. E para tal bastou, um ano depois, dizer-lhes uma frase: "Eu não desisto. Vamos começar de novo."

Publicada por Alegre Cavaqueira em
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Portugal corre um sério risco de não ver nas próximas eleições um problema político mas sim um problema saúde pública, as televisões em vez de convidarem analistas políticos vão convidar médicos especialistas em geriatria. Mais do que projectos políticos vamos discutir qual dos candidatos está em melhores condições físicas, vamos questionar se o tremor nas mãos de Cavaco Silva é um tique ou uma doença degenerativa do foro neurológico, os cavaquistas vão contrapor insinuando que a loucura de Alegre tem mais a ver com o desgaste natural do que os neurónios do que com a tolerância que se costuma atribuir aos poetas.

O que distingue os projectos de Cavaco e de Alegre? Muito pouco para além dos estilos, ambos mantêm reféns os seus partidos usando-os para concretizar as suas ambições pessoais, os dois estão convencidos de que o país lhes deve muito. É evidente que vamos ter dois estilos, no dia dos anos Cavaco deve ter dado ouvidos à Dona Maria que, provavelmente influenciada pela “Hola”, achou boa ideia reunir a família e tirar uma foto à moda das monarquias, os portugueses ficaram a conhecer os filhos, os netinhos e demais família. Com Alegre a abordagem vai ser mais republicana, deverá dar uma sardinhada aos amigos, regada um bom vinho da adega do palácio, provavelmente abrirá o palácio ao povo e no dia seguinte os jardineiros serão dispensados de regar o jardim.

Se concorrerem apenas Cavaco e Alegre vamos ter de nos habituar à ideia de que o Palácio de Belém vai passar a ter mais uma “casa” para além da casa civil e da dos militares, vai ter também uma equipa médica que formará a casa de saúde. Não me admiraria nada que se um qualquer presidente estrangeiro de visita a Portugal na hora da tradicional troca de presentes se lembre de oferecer um par de canadianas ao nosso e não me estou a referir a duas loiras com pernas bonitas ou a um blusão de nylon, canadianas mesmo.
Não voto nem Alegre, nem Cavaco Silva, um não sabe muito bem o que quer para o país e o outro tem um projecto que eu não quero. Se o PSD ou o PSD insistirem em apresentar estes dois candidatos não voto, Portugal merece melhor.

Publicada por Alegre Cavaqueira em quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
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